A discussão
sobre a importância da reforma protestante é fundamental para a sociedade
contemporânea. O que ela produziu e o vigor teológico dos escritos dela
decorrentes não só precisam ser redescobertos, mas experimentados. Para muitos
questionamentos levantados por nossa geração existe resposta séria, profunda e
bíblica.
“Haveria,
certamente, mais paz e gozo, se as verdades ressaltadas pela reforma
protestante fossem redescobertas, além do maior e mais profundo ganho que a
Reforma nos trouxe, que foi a aproximação religiosa do homem ao Deus da Bíblia,
nos termos como Ele se revela nela. Que esta nova geração profundamente interessada
pelos ensinamentos da Reforma, seja instrumento de Deus para propagação do
Evangelho de Cristo, e atuação responsável e edificante na sociedade”, destacou
o pastor e capelão do Mackenzie, Jônatas Abdias.
Antes de entrar
na questão levantada sobre a reforma protestante, quero ressaltar historicamente
seus passos. Assim, tentarei de forma resumida, apontar os caminhos tortuosos
que os antigos cristãos passaram.
Começo levando
em consideração o contexto da Igreja Católica Romana, ao qual já vinha caminhando,
desde o seu início, para uma degradação, e apostasia total, onde perdurou
século após século – e porque não dizer, ainda perdura.
Para entendermos
melhor, desde seu “fundador” Ireneu de Lyon (por volta 202 d.C.), ao qual
apregoava uma heresia como base cristã, cometendo um erro grosseiro de
interpretação das santas escrituras. Assim, tomando o texto que se encontra em
Mateus 16:18 e 19 relata que a Igreja foi edificada sobre Pedro e a ele seria
dado a autoridade divina e as chaves do Reino. Enfim, o que começa errado tende
a dar errado cada vez mais (o interessante que isto ocorre atualmente, onde a
palavra divina é interpretada de forma errada por muitos líderes que se dizem
evangélicos).
Na Idade Média,
onde teve seu apogeu, a Igreja Católica influenciava ainda mais a sociedade,
onde esta estava rodeada pela fome, pestes e guerras – instabilidade social,
politica e econômica. Surgem, então, as cruzadas – sendo mais um pretexto para
saciarem seu desejo por poder.
Esta Igreja
vivia num contexto de luxo e riqueza, enquanto a realidade do povo era bem
diferente. Mas esta Igreja se importava com o povo? Claro que não, o que era
importante era o poder, custe o que custar. Além disso, outras características
são importantes destacarmos, como por exemplo, a imoralidade, a corrupção dos
mosteiros, a falta de preparo de muitos, a idolatria, mariolatria (por volta de
300 d.C.).
Tal religião que
deveria trazer um refrigério a povo em tempos difíceis só trazia o terror. E,
além disso, entre os séculos XI e XIII surgem as Cruzadas, que era na verdade
outro pretexto para conquistarem, ocuparem e manterem sob o domínio “cristão”
alguns povos. Todas as oito cruzadas (1095 – 1270) foram sangrentas, a não ser
a sexta que foi mais pacífica. E, com isso, perguntamos: Onde está Deus?
E, dentro deste
contexto de corrupção e confusão da Igreja Católica, surgem os movimentos de
Protesto (séc. XII). Sendo eles: Petrobussianos (1125) Pedro de Bruys e
Henrique de Lausanne; Cataristas ou Albigenses (1170) este movimento teve uma
cruzada específica para trata-lo (cruzada Albigense ou Cátara – 1209) estes
tinham ideias maniqueístas e gnosticistas; Valdenses (1170) Este movimento
aconteceu 300 anos antes da reforma protestante e se originou com Pedro Valdo,
onde valorizavam muito a palavra de Deus – a Bíblia.
Neste mesmo
contexto histórico, começa a decadência papal e sua queda (1309 – 1377), onde
por mais de 30 anos o povo teve dois Papas. Só em 1414-1415 com o Concílio de
Constança que Martinho V, um quarto Papa, conseguiu fazer com que os outros
dois Papas fossem despostos e um terceiro abdicasse. Por fim, o Papado jamais
voltou a ser o que fora antes, permanecendo em Roma.
Contudo, a obra
de Deus não poderia parar, e esta não para. Surge, assim, os Lollardos (1350)
fundado por John Wycliffe – um teólogo proeminente da Universidade de Oxford –
neste contexto estava a este negra, envolto por um século de desânimo,
desesperança e terror. Mas como Deus é bom, pois mesmo cercados por tanta
desgraça Ele derrama seu poder a usar homens como estes citados (Pedro Valdo e
John Wycliffe – sendo considerado este um precursor das reformas religiosas que
sucumbiram a Europa nos séculos XV e XVI).
Com isso,
influenciado por Wycliffe surge John Hus (1372 – 1415), que mesmo na morte não
negou sua fé, sendo morto pela inquisição na fogueira, como era o costume da
época. Assim, surge após ele Jerônimo Savonarola (1452 – 1498) um ex-padre
dominicano que pregou a palavra da verdade e, de igual forma que Hus, fora
morto pela inquisição.
Por fim, em 31
de outubro de 1517, Martinho Lutero coloca na porta da Catedral de Witenberg
suas 95 teses, dando início a Reforma Protestante.
Assim, comecei
meu relato dizendo que, a Igreja Católica Romana, ao qual já vinha caminhando,
desde o seu início, para uma degradação, e apostasia total. Aqui, abro uma
ressalva, pois, se pararmos para pensar em nossa atual sociedade (sociedade
esta evangélica) percebemos que tal história está a se repetir, mas com uma
nova roupagem.
Ao invés da Igreja
Católica está sendo citada como doente, ambiciosa, cheia de cobiça, vãs
doutrinas, etc. Podemos, entretanto, de certa forma em alguns aspectos,
compara-la a algumas Igrejas Evangélicas atuais – e é com muita tristeza que o
faço.
Temos, hoje, uma
igreja Evangélica doente, onde a sã doutrina é deixada, muitas vezes, de lado.
Mais vale a palavra profética do que as Sagradas Escrituras. Muitos não
valorizam, ou nem se dão conta, de como sofreu tantos mártires ao serem queimados,
mortos e tudo em prol da pregação da verdade do Evangelho, para que este fosse preservado
e, assim, alcançassem vidas. O sangue deles não deve ser em vã, devemos olhar
para o passado e aprendemos com seus acertos e erros, enfim, prepararmo-nos
para pregação da palavra da verdade. Que nossa igreja não venha se apostatar da
fé como aconteceu com a Igreja Católica.
Entretanto,
podemos concluir que não temos mais a inquisição da Igreja Católica a nos
perseguir como outrora, mas temos o afastamento do povo cristão do evangelho da
verdade. O que podemos ressaltar que “estão perdidos dentro da casa de Deus”.
Com tal triste
realidade, deparamo-nos com uma igreja rica, mas pobre. Rica, pois prega a
prosperidade (pregando apenas a vida para esta vida, não pensando na vida
eterna) e pobre, pois se apostataram da verdade do evangelho (o ide...). Estão
tão condicionados a este pensamento, de riqueza e mostrar o que “Deus lhe deu”
– se é que foi mesmo Deus – ao ponto da palavra libertadora e salvadora não ser
mais pregada.
Tal realidade é
sinistra e, certa vez, eu conversando com meus alunos sobre coisas corriqueiras
do dia-a-dia e, não me lembro como, mas o assunto sobre o Apocalipse entrou em
discussão. Muitos alunos deram sua opinião e, o que me deixou impressionada e
triste foi, que uma das poucas alunas que era cristão (deveria ter na época por
volta de seus 12 anos) levantou a mão e me perguntou: “Professora, o que é o Apocalipse?”. Ela era cristã desde que
nasceu e nunca ouvira uma pregação sequer sobre o arrebatamento, os últimos
dias, a salvação, etc. não conhecia nada sobre a Bíblia, nem o básico.
Perguntei o que era pregado e ela me respondeu que havia maquis louvor e pouco
tempo para a palavra, e esta falava de cura, libertação, prosperidade, etc.
Levantei tal
acontecimento, pois tenho certeza eu que, não aconteceu apenas comigo, mas
creio que, também, com muitos irmãos. Infelizmente, este é o contexto cristão
atual ao qual estamos vivendo. Poucas igrejas pregam a palavra. O povo, de
igual forma, não se interessa por ela. Mas, agradeço a Deus que nós, que nos
dispusermos a estudar tal sã doutrina, não nos incluímos neste triste quadro.
Por conseguinte,
a Reforma Protestante aconteceu com Lutero, e outros precursores, mas deve
continuar, pois o evangelho genuíno não deve morrer conosco.
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