A priori,
quando nos referimos a existência pré-encarnada de Jesus Cristo logo vem à
mente a passagem do Apóstolo João (Jo 1:1-3) o qual é rico em seu relato, sendo
direto e, ao mesmo tempo, profundo – refutando a ideia clássica greco-romana do
“logos” (do grego, traduzido por: palavra, ou em algumas versões por “verbo”).
“No
princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele
estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele;
sem ele, nada do que existe teria sido feito”. (NVI)
Tal
passagem faz referência direta à Gênesis 1:26, que diz:
“Então
disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.
Há
teólogos, que entendem tal verbo no plural “façamos”, como plural de majestade;
porém, em minha interpretação, assim também apoiado por muitos outros teólogos,
entendem se tratar da prova da trindade – conforme fora empregado por
Tertuliano (pai da igreja) no ano 190 AD – no momento da criação, dando a
entender que Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo participaram de tal
feito – sendo uma prova da existência pré-encarnada de Jesus Cristo, o qual
João faz menção logo na abertura de seu evangelho.
Em
suma, entendemos que Jesus existia antes de nascer como homem (nascido da
virgem Maria, gerado pelo Espírito Santo – conforme os evangelhos apontam em:
Mt 1:18-24; Mc 1:1; Lc 2:1-40), antes mesmo até da criação do tempo, do mundo,
do homem.
João
ainda continua descrevendo sobre Cristo (logos)
– Jo 1:14, que diz:
“Aquele
que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos sua glória, glória
como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e verdade”.
Prosseguindo
mais um pouco nas escrituras, encontramos o apóstolo Paulo declarando a
pré-existência de Cristo em Colossenses 1:15-20, que diz:
“Ele é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação, pois nele [em Cristo] foram criadas todas as
coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou
soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e
para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. Ele é o cabeça
do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para
que em tudo tenha a supremacia. Pois foi do agrado de Deus que nela habitasse
toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse todas as coisas, tanto as que
estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo seu
sangue derramado na cruz”.
Nessa
passagem fica mais do que claro a ideia da pré-existência de Jesus, assim
afirmado por João, e agora reafirmado por Paulo.
Por
conseguinte, podemos apontar evidências da pré-existência de Cristo em:
ü Seu nascimento
– Se Cristo veio a existir em seu nascimento, então, não existe uma Trindade
eterna – e isso iria contra a doutrina bíblica que é o cerne do Cristianismo;
ü Sua divindade
– Se Cristo não era preexistente, então, não poderia ser Deus – seria uma
criatura, não o Deus Filho (tal pensamento fora visto pelos gnósticos e outras
seitas pagãs que surgiram ainda no meio da igreja primitiva, muito criticado
por Paulo e Pedro);
ü Suas declarações
– Se Cristo não era preexistente, ele mentiu a respeito de quem ele era e,
consequentemente, possivelmente teria mentido também sobre outros assuntos;
assim, estaríamos condenados, pois não haveria salvação para nossos pecados e
os apóstolos teriam morrido por uma mentira, assim como os pais da igreja, mártires
etc., além do próprio Cristo de ter morrido, supostamente, por uma mentira;
ü Sua origem celestial
– Versículos se referem à existência de Cristo antes do nascimento (Jo 3:13,31);
ü Sua obra na criação
– Cristo estava envolvido na obra da criação, sendo anterior a ela (Jo 1:3; Cl
1.16; Hb 1:2);
ü Seu relacionamento com Deus
– A Bíblia afirma que Jesus tem a mesma natureza de Deus (Jo 10:30; Fp 2:6) e
que possuiu a mesma glória do Deus Pai antes de o mundo existir (Jo 17:5);
ü Seu relacionamento com João Batista
– João Batista reconhece a existência de Jesus antes de ele vir a existir,
mesmo tendo ele nascido antes do Jesus encarnado (Jo 1.15,30).
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