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Análise Exegética de Lucas 18.35; 19.10



Tivemos a oportunidade de fazer uma aproximação exegética parecida em Mc 10.35-52.
O texto de Lucas apresenta outra delimitação e outro tema central. Lá, em Marcos, os discípulos de Jesus não conseguiam ver quais as prioridades do Reino. E no texto de Lucas, a cegueira os remete a quê?
Para responder a esta pergunta, será necessária uma análise acurada, principalmente, no contexto onde as perícopes estão inseridas.

Vemos em Lucas que Jesus tinha como alvo final ir à Jerusalém. E por que ele iria para lá? Poderíamos dizer que, assim como aquela caravana que passava (multidão) Lc 18.36, Jesus também estivesse indo para a festa da Páscoa.
Porém, passaria antes em Jericó. E neste ínterim a caminho de Jerusalém ocorre dois eventos:

1.      No caminho que levava para a cidade de Jericó: Jesus é surpreendido por um cego que sabia quem ele era, pois se dirige a ele como Filho de Davi, diferentemente da multidão que o conhecia apenas como “o nazareno”. Pela sua fé o cego foi curado de sua cegueira física.

2.      Dentro da cidade de Jericó: Jesus é surpreendido por um publicano que se encontrava em uma árvore o qual se arrepende de suas más obras sendo assim curado de sua cegueira espiritual.

O interessante aqui, quanto ao cego de Jericó, é que ele não se mostrou cético. Todavia, creu imediatamente que Jesus era o único que podia fazer algo por ele, até mesmo o que ninguém mais podia: restaurar-lhe a vista. O ceticismo é trevas, e os céticos vivem nas trevas, onde a iluminação e a ajuda divina são abafadas. O ceticismo é uma enfermidade da alma, o qual tal cego não possuía.
O cego, ao proclamar “Filho de Davi”, demonstrava visão espiritual – embora tivesse perdido física. Este é um dos títulos messiânico de Jesus, o qual também assevera ser ele descendente de Davi. Este é o único incidente, em Marcos e Lucas, no qual Jesus recebe tal título.
Quanto a Zaqueu, percebemos que era o inverso daquele cego, pois era rico e tinha uma posição de destaque – publicano; porém, era tão desprezado pelas pessoas quanto o cego. Este também queria ver quem era Jesus, embora enxergasse com olhos naturais, sua alma era cega, e necessitava enxergar a Cristo.


Percepções nos textos



Cego:  Apenas fisicamente cego, porém espiritualmente sã, pois sabia quem era Jesus.

Multidão: apesar se serem sã fisicamente eram cegos espirituais, pois não sabiam quem era Jesus, pois o tratavam apenas como Jesus o nazareno.

Zaqueu: Ele é curado de sua cegueira espiritual, pois se arrependeu de seus pecados, e com isso restituiria as pessoas quatro vezes mais que ele se aproveitou.


Percepções do Paralelismo


Desta forma, podemos ver as oposições entre as duas principais pessoas em cada narrativa.

Pessoa
Nome
Profissão
Características
Posição
Lugar
Local
Um cego
Não tinha nome
Não tinha profissão

Cego

Pobre
Fora da cidade
Sentado no caminho

Um Publicano

Zaqueu
Um dos mais  Importantes dos  Publicanos

Enxergava

Rico

Dentro da cidade

No alto de uma árvore
Fica-nos claro que, embora o cego fosse miserável financeiramente, porém era rico espiritualmente. Já Zaqueu era rico financeiramente, porém miserável espiritualmente. Nota-se uma clara divergência entre ambos os personagens bíblicos.
Um ponto em comum, ambos eram desprezados pelo povo, devido as suas posições: cego e publicano.
Porém, o encontro com Jesus trouxe-lhes mudança: o cego recebeu uma benção física, enquanto Zaqueu uma benção espiritual.

Aplicação pessoal


Entendemos com estes textos bíblicos que, realmente, temos que clamar e suplicar à Deus sobre nossos problemas e dificuldades.
Necessitamos ser persistentes, independentemente das dificuldades ao nosso redor. Assim como o cego fora, ao ouvir a multidão e crendo, não sendo cético, que Jesus poderia curá-lo. De igual forma Zaqueu, ao qual mesmo pequeno fisicamente, subiu em uma árvore e tornou-se alto, podendo avistar a Cristo. Devemos exercitar nossa fé, em todo o tempo, em todas as adversidades que passamos e que viremos a passar.
Temos que ter fé, crendo que Ele é poderoso para nos salvar da nossa condição e dos nossos problemas. Temos que nos arrepender de nossas atitudes pecaminosas tendo assim uma mudança de atitude por completo.
Precisamos sair de nosso local de conforto e comodidade e ir até ao encontro de Deus. Não nos importando com as circunstancias do adversas, não olhando para o problema, pois cremos que Deus nos dá capacidade e inteligência (ferramentas) para clamarmos, para buscarmos a cura.
Em suma, o Cego utilizou a voz para clamar, e Zaqueu subiu numa árvore para ver Jesus – estas foram as ferramentas utilizadas por eles. Enfim, qual é a nossa ferramenta?  

 









Conclusão



            Por fim, vemos a atitude do cego de reconhecer a Jesus como Filho de Davi e, isto nos remete a percebermos que o cego enxergava espiritualmente, pois diferentemente da multidão que reconhecia Jesus apenas como “o nazareno”. Mostra-nos a fé e a revelação do Espírito Santo.
Porém, apesar de parecer que esses eram dois eventos distintos, eles tinham um mesmo fim comum, e o fechamento da primeira história não acaba no versículo 43 do capitulo 18, mas sim finaliza juntamente com a segunda história no versículo 10 do capitulo 19, onde Jesus diz: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”.
Pois, tanto o cego quanto Zaqueu estavam na condição de perdidos, necessitando de salvação, apesar de estarem em posições distintas; o cego precisava de salvação física, enquanto Zaqueu necessitava de salvação espiritual.


“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus 4:16).

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