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O Sermão do Monte - O Caráter dos Cidadãos do Reino



A priori podemos ressaltar que, ao preferir as palavras no “Sermão do Monte”, em suma, traria algo de grande importância a nós – crentes em Cristo Jesus, nosso Salvador – que era o reino do próprio Cristo. Desta forma, tal reino requeria uma nova lei, bem como um novo legislador, e em Jesus e suas palavras encontramos ambas as coisas.
Contudo, é nós permitido observar que tal mensagem dirigia-se ao Novo Israel (nós – a igreja comprada pelo sangue de Cristo, eleita, predestinada e justificada) e não ao antigo Israel (como muitos ainda defendem – pois Deus trata com pessoas, as elegem e não se prende a povos – contudo, Jesus morreu pelos eleitos, não apenas por um povo – portanto, rejeitamos aqui o ensinamento hiperdispensacional, que atribui esse primeiro discurso a “Israel” ou adia sua aplicação até o milênio.
Assim, tal discurso visa à conduta cristã ideal; contudo, notamos que a igreja cristã é o Novo Israel. Sherman Johnson afirma que até esse ponto da narrativa, Jesus chamara apenas quatro discípulos especiais, e aparentemente o discurso lhes foi dirigido; mas Mateus na realidade tinha em mira as multidões, e o sermão tem por escopo aplicar-se a todos os cristãos. Ao lermos, enfim, o Sermão do Monte, que se encontra a partir do capítulo 5:1 – 7:29 do evangelho de Mateus, percebemos que o maior interesse deste estava centralizado na vida espiritual e moral da comunidade cristã; assim, a natureza do evangelho de Mateus não era “legalista”, “eclesiástico” ou “judaico”.
Em suma, essa vida espiritual vivida pela igreja e Cristo deve ser de nível mais elevado do que a vida evidenciada por alguns representantes do judaísmo (preso às tradições), em outras palavras, a justiça cristã deve ultrapassar a dos “escribas e fariseus” (5;20), sendo esta mais profética do que rabínica.
Enfim, ao compararmos a subida de Jesus ao monte (onde diria lago que transcenderia a vida comum dos homens, os quais estavam acostumados a viver) o qual outorga de seu mandamento, por igual modo, Moisés recebeu a lei em um monte (Êxodo 19 – 20). Cristo, assim, apresenta aos homens o caminho da vida.
Por fim, podemos afirmar que o evangelho de Mateus é o evangelho dos logois (logoi") ou ensinamentos. Tais ensinamentos são de suma importância para os cristãos através dos séculos. Assim, Cristo nos apresenta a nova lei (Capítulos 5 – 7 de Mateus, intitulado como Sermão do Monte), os conceitos do reino, instruções aos herdeiros do reino.
Desta forma, entendemos, pois, que o Sermão da Montanha é “o evangelho do reino” (Mateus 4:23).
Segundo Paul Earnhart, em seu livro O Sermão da Montanha, tal evidência deveria servir para esclarecer duas coisas: Primeiro: que ele não é meramente a exposição da lei e, segundo, que suas bênçãos e princípios éticos não são atingíveis pelos não convertidos. Este é um sermão para os “cidadãos do reino”. A salvação, e não a reconstrução social, é seu alvo e os homens de sabedoria mundana estão destinados a jamais entendê-lo. Desta forma, o Sermão da Montanha permanece como uma explanação da verdadeira natureza do “reino de Deus”.

É um sermão proferido na História e serve para responder às questões que, naturalmente, seriam levantadas pelo anúncio em Israel do iminente aparecimento do reino (Mateus 3:1; 4:17). Mais ainda, o caráter totalmente inesperado do pregador e o acirrado conflito entre Jesus e os fariseus estavam para provocar ainda maior preocupação entre aqueles que primeiro ouviram o grito: “Está próximo o reino dos céus!” O discurso de Jesus na encosta de um monte galileu não é, na realidade, um mero sermão. Ele mais se aproxima de um manifesto do reino de Deus.


Contudo, podemos ressaltar agora as Bem-Aventuranças (Mateus 5:2-12), que é o caráter dos cristãos do reino. Desta forma, o sermão do Monte fora aberto com tais afirmações, por parte de Cristo, sobre “bem-aventurado...” (do grego: makario"), ou seja, “feliz...”; porém, tal felicidade proferida por Jesus não se aplicava a realidade humana e egoísta, mas a uma esfera totalmente espiritual. Enfim, Deste modo, Jesus captura a atenção de seus ouvintes e insiste no caráter essencial do reino de Deus e seus cidadãos.
Ainda nas palavras de Paul Earnhart, percebemos que o mundo todo, então como agora, estava em busca, diligentemente, da felicidade e tinha tampouco uma concepção de com o obtê-la, como os homens de hoje. Não houve surpresa no anúncio de que havia verdadeira bem-aventurança no reino. O choque veio com o tipo de povo que estava destinado a obtê-la.
Desta forma, podemos destacar que a riqueza material, condição social e sabedoria secular não recebem simplesmente pouca atenção apenas, mas elas não recebem atenção nenhuma. Jesus está claramente esboçando um reino que não é deste mundo (João 18:36), um reino cujas fronteiras não passam através de terras e cidades, mas através dos corações humanos (Lucas 17:20-24). Este reino, totalmente improvável chegou, conforme anunciado, no primeiro século (Marcos 9:1; Colossenses 1:13; Apocalipse 1:9), porém muitos estavam despreparados para reconhecê-lo e aceitá-lo, assim como estão hoje.

Deve ser notado, ainda mais, que as qualidades do cidadão do reino não somente eram espirituais, mas são virtudes que o homem não receberia naturalmente. Elas não são o produto da hereditariedade ou do ambiente, mas da escolha. Ninguém, jamais, "cai" displicentemente nestas categorias. Elas não acontecem no homem naturalmente, e são de fato distintamente contrárias à "segunda natureza" que o orgulho e a ambição têm feito prevalecer nos corações de toda a humanidade.


Contudo, ao nos depararmos com tais Mandamentos (leis) para o reino, de igual forma há, em nosso país, normas de cunho moral e ético, os quais devemos seguir – sendo que este não venha contra os princípios registrados nas sagradas escrituras, pois a bíblia é a regra de fé e conduta do cristão genuíno.
Assim, o decálogo afirma que não devemos matar (Êxodo 20:12), conforme está previsto por lei em nosso país; porém, falando da lei de nosso país acerca disso, o Código Penal estabelece pena de 6 a 20 anos de reclusão para o ato de ‘matar alguém’– Art. 121 do Código Penal - Decreto Lei 2848/40 – Daí não se deduz que o homicídio seja proibido no Brasil. Tanto não é que ocorre às dezenas de milhares todo ano. Nações avançadas conseguem diminuir bastante sua incidência, mas jamais erradicá-lo. Porém, segundo a visão da ‘lei humana’, somos livres até para ‘fazer o mal’, eis um fato da nossa condição. A distinção entre criminalizar e proibir pode ser útil para debater assuntos que dividem moralmente a sociedade, como as drogas e o aborto. Quando a lei fixa penas para o aborto, ressalvando casos de risco de vida para a mãe e de gravidez provocada por estupro, o seu objetivo é refrear a prática. O efeito esperado é menos mulheres recorrendo ao aborto, no cotejo com uma situação hipotética em que ele não fosse crime. Avaliar a eficácia da lei é um desafio lógico e estatístico, pois jamais saberemos como se comportaria a mesma sociedade, no mesmo tempo histórico, mas sob legislação diversa. E por que a lei brasileira não proíbe? A resposta é porque ela sabe que é impossível proibir alguém de agir em todos os momentos de sua vida. Porém, notamos, por fim, que a lei humana não proíbe, mas se fizer algo errado poderá pagar, ou não, por tal feito. Já a lei de Deus é diferente, pois além de proibir, também, nós – por sermos responsáveis (embora Deus seja soberano) – pagaremos por nossos erros.
Em suma, falando ainda sobre os Dez Mandamentos, Moisés – um tipo de Cristo – era o mediador entre Deus e o povo. Assim, antes do Eterno exigir que o povo guardasse tais regras, lembrou-lhes o seu relacionamento e as suas bênçãos. Desta forma, tal atitude deu ao povo de Deus o necessário incentivo para cumprir o seu comprometimento. Porém, vale ressaltar que nós jamais poderíamos cumprir o decálogo por completo, pois pecamos em pensamento, palavras e obras; desta forma, ao olharmos às leis (mandamentos) enxergávamos nossa própria deficiência e vida pecaminosa. Desta feita, Jesus foi aquele que cumprira a lei por completo, em nosso lugar. Cristo afirma: “Não vim para revogar, vim para cumprir” (Mateus 5:17-18). Jesus prefacia sua discussão da justiça do reino com um poderoso repúdio. Ele não veio, diz enfaticamente, para destruir a lei e os profetas. Assim, os fariseus, como um partido, representavam os mais dedicados defensores da lei, na nação de Israel. Desta forma, enquanto os saduceus se ocupavam com a política do Templo, os fariseus estudavam e ensinavam a lei do ponto de vista da tradição de seus pais. Porém, na mente de muitos da comunidade judaica, a lei de Moisés e as tradições dos fariseus eram idênticas. Teria sido causa de não pequena ansiedade entre o povo ver Jesus enfrentar continuamente esses professores instituídos da aliança nacional.
Por conseguinte, a atitude de Jesus para com as escrituras do Velho Testamento agora se torna inequivocamente clara. Porque elas eram as palavras de seu Pai, longe de serem abolidas ou subvertidas, elas são para serem cumpridas até a última minúcia e, ainda mais significativamente, ele estava para cumpri-las! Três grandes verdades emergem aqui. Jesus se prende inseparavelmente ao Deus do Velho Testamento. O Deus de Abraão, Isaque e Jacó é também o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus também confirma sua absoluta confiança na integridade de cada palavra dos escritos do Velho Testamento. Eles são as palavras de Deus e qualquer um que quisesse ser seu discípulo deve ter o mesmo e elevado ponto de vista das Escrituras (Lucas 24:25-27; João 10:35). E então, ali, emerge pela primeira vez, no sermão, a espantosa grandeza do pregador. Ele há de ser o cumprimento do plano eterno de Deus, a consumação dos séculos, o ponto final de toda a História. Este não é um mero tratado ético. O sermão é grande, mas o pregador é maior ainda.



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