“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse
outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema”.
Gl 1:8
Quanto ao termo grego euaggelion
O termo evangelho, do grego euaggelion (“boa mensagem” ou “boas novas”), é empregado, por Mateus,
por quatro vezes (4:23; 9:35; 24:14; 26:13). Marcos usa-a por oito vezes
(1:1,14 e 15; 8:35; 10:29; 13:10; 14:9; 16:15). Lucas, por sua vez não emprega
a sua forma nominal, mas tem a forma verbal por dez vezes (1:19; 2:10; 4:18 –
citando Isaías 61:1 – 4:43; 7;22; 8:1; 9:6; 16:16; 20:1). Já João não usa essa
palavra grega nem em sua forma verbal e nem em sua forma nominal.
Assim, no NT as ideias envolvidas nessa palavra são:
as boas novas de salvação, a pregação dessas boas novas, as boas novas do reino
de Deus, a declaração das boas novas, as boas novas de Cristo, etc.
Historicidade
Para nós não há dúvida quanto à verdade revelada nos
quatro evangelhos que compõem o cânon do NT, assim também a bíblia como um todo.
Mas, infelizmente há muitos ainda que são céticos
quanto a esta mensagem, mesmo em face de tantas evidências favoráveis que
comprovam a veracidade bíblica. E tal realidade, muita das vezes, entra no seio
da igreja.
David Strauss, de certa escola alemã de teologia, em
seu livro, Vida de Jesus (1836), chegou
a duvidar seriamente da própria existência do Cristo, referindo-se ao “mito
histórico de Jesus”.
Ele não foi o único, Arthur Drews, em seu livro O Mito de Cristo, asseverou um culto
pré-cristão ao salvador, do qual teria sido empregada a história de Cristo.
Não foram apenas estes que mencionaram falsas
acusações sobre a veracidade divina de Jesus. Outros, porém, o fizeram, mas nos
deteremos apenas a estes dois.
Agora, detendo-nos aos evangelhos propriamente ditos,
ao lermos Lucas 1:1 a 4, perceberemos que: “Muitos
já se dedicaram a elaborar um relato dos fastos que se cumpriram entre nós,
conforme nos formam transmitidos por aqueles que desde o início foram
testemunhas oculares e servos da palavra. Eu mesmo investiguei tudo
cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado,(...)
para que tenhas a certeza das coisas que foram ensinadas”.
Desta forma, fica-nos muito claro que foram escritos
diversos evangelhos, muitas literaturas, sobre a vida e obras de Jesus. Nunca se
produziu tanta literatura quanto nesta época, com tais eventos. Cristo
revolucionou a literatura, mas nem toda ela era confiável, como o próprio Lucas
afirmou.
Contudo, ele afirma que seus relatos se alicerçavam
sobre narrativas de testemunhas oculares;
afirmando, também, que certas pessoas, ainda vivas, tinham visto as coisas
sobre as quais ele escrevia, e que aquilo que Jesus fizera e dissera era “crido
com máxima firmeza”. Afirma ainda ter feito cuidadosa
investigação, tendo descoberto evidências significativas e confirmações do
que estava prestes a relatar.
Há quem também afirme que Lucas usou o Evangelho de
Marcos como seu principal esboço histórico.
Por conseguinte, chegou um tempo onde aqueles ao qual
vivenciaram tais fatos morreram, onde ninguém que dizia: eu vi, estava entre eles. Neste contexto estava inserida a igreja
primitiva, o qual confiava no que as testemunhas originais tinham vistos, onde
diziam: eu creio. Tal vitalidade
desta igreja fez com que este evangelho se espalhasse rapidamente e por toda a
parte (Cl 1:6). E tal verdade, do eu
creio, ainda nos impulsiona a acreditar e pregar essas boas novas de
salvação.
Evangelhos:
importância doutrinária
O Evangelho é um tipo de escrita que só encontramos
na Bíblia. Esta escrita foca no nascimento de Jesus e depois quanto Ele tinha
30 anos; por isso, não se trata de uma biografia – tendo, assim como ênfase
maior, a última semana de vida de Cristo em Jerusalém. Em suma, os Evangelhos
contam alguns fatos, selecionados, da vida de Jesus.
Assim, intitulam-se os três primeiros evangelhos
(Mateus, Marcos e Lucas) pelo nome se sinóticos – do grego synops (visão idêntica, simultânea) “ver junto”. Fica-nos claro,
desta forma, que tais Evangelhos sinóticos devem ser lidos juntos. Com isso
teremos a visão completa e panorâmica das obras de Cristo.
Fora os Evangelhos sinóticos temos o Evangelho de
João – o qual não contradiz com os sinóticos, mas há uma visão e abordagem
diferente,
Contudo, na verdade, para termos uma visão ainda
maior, melhor e mais completa da vida e obras de Jesus, deve-se ler o s quatro
Evangelhos.
Por fim, os Evangelhos são distintos, mas não
convergentes, onde há a interpretação de cada indivíduo, segundo seu ponto de
vista. Mateus (enfatiza que Jesus é o Messias; Jesus Cristo, o Rei; o reino de
Deus) e Lucas ( Jesus Cristo como salvador; ressalta a importância que Jesus
dava as pessoas, a compaixão; ressalta, também, a importância do Espírito
Santo, que estava presente no nascimento, no batismo, no ministério e
ressurreição de Jesus) e ambos também ressaltam princípios éticos – parábolas.
Marcos fala de Jesus como salvador e Sua atividade
redentora; fala sobre os milagres e do Cristo filho de Deus e, ao mesmo tempo,
servo sofredor.
Já João suprime as palavras, coloca os discursos de
Jesus e tem como tema a vida eterna (o amor), ressalta a fé, na crença de
Cristo como o verbo ou a palavra; na salvação, eleição, juízo e regeneração
pelo Espírito.
Público Alvo
No Evangelho de Mateus temos como destinatários, ou
público alvo, especialmente os judeus. Já no de Lucas, aponta para os cristãos
em Roma, local este onde escreveu o evangelho.
Quanto ao Evangelho de Lucas, temos como público
alvo Teófilo (primeiramente), os gentios, as pessoas em toda parte. E o de João
aos novos cristãos e não cristãos.
Autoria
Todos os Evangelhos são anônimos. A tradição atribui
dois desses evangelhos ao grupo apostólico, isto é, Mateus e João, e os outros
dois a Marcos (ao qual era discípulo de Pedro) e Lucas (seguidor de Paulo).
Quanto à autoria de Mateus, alguns acham que em Mt
10:13, a referência ao “publicano” é um sinal do autor do livro. O autor Mateus,
o cobrador de impostos, chamou-se tal por humilde, já que sua profissão era mui
desprezada naqueles dias, portanto inevitavelmente estava misturada à fraude, à
ganância e à violência. Quanto a data deste há quem acredite estar entre 60 e
70 d.C.
Já a autoria de Marcos, segundo alguns defendem, dá-se
pela tradição eclesiástica mais antiga, àquela que nos é fornecida por Papias, bispo de Hierápolis em cerca de
140 dC. Encontramos citações de suas palavras na obra de Eusébio, primeiros entre
os historiadores da igreja. Tal livro é datado por volta do ano 50 d.C.
Autoria de Lucas, sabemos que é dele, pois embora
não o venha escrito – assim como os outros evangelhos -, há fontes que confirmam
a mesma.
Uma dessas fontes trata-se do relato de um
historiador do século III chamado de Eusébio, ao qual afirma que a obra de
Lucas/Atos fora escrita por um médico, por nome Lucas, que havia nascido em
Antioquia, e que ele não era judeu. Além disso, ele participara de vários
eventos descritos no livro de Atos (onde Lucas está narrando eventos de Paulo e
ele se incluiu usando “nós”, dando a
entender está realmente presente).
Para
confirmar, também, tal existência de Lucas, notamos que o apóstolo Paulo faz
menção a ele nas Cartas a Colossenses, ressaltando sobre um médico que andou
com ele por nome Lucas.
Por tal motivo que o Evangelho de Lucas fora incluído
no cânon do NT. Embora houvesse vários livros e evangelhos naquela época, como
o próprio Lucas cita em Lc 1:1. Assim, fica confirmada a sua apostolicidade
(estava ligado ao apóstolo Paulo). Tal evangelho fora datado de mais ou menos entre
63 e 65 d.C. (onde alguns apóstolos ainda estavam vivos e tinha as testemunhas
oculares).
Já a autoria de João, o apóstolo, há várias
vertentes de defesas. Ficaremos com uma, ao qual se dá a evidências internas, segundo
está escrito em Jo 21:24. Quanto a data, não se sabe ao certo, alguns afirmam
entre 80, 90 e até 100 d.C., a única coisa que é sabido é que este foi o último
Evangelho a ser escrito.
Adorei seu site!
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