Pular para o conteúdo principal

Epístola de Paulo aos Filipenses




Autor: Paulo.

Destinatários: À igreja de Filipos e aos crentes de todo o mundo.

Data: Aproximadamente no ano 61 d.C.

Localização: A colônia romana de Filipos estava localizada no Norte da Grécia (região chamada de Macedônia na época de Paulo). Filipe II, da Macedônia (pai de Alexandre, o Grande), tomou esta cidade da antiga Trácia, por volta de 357 a.C. Ele ampliou e fortaleceu a cidade e deu-lhe o seu nome. Esse pujante centro comercial estava situado no cruzamento das rotas entre a Europa e a Ásia. Por volta do ano 50 d.C., Paulo, Silas, Timóteo e Lucas atravessaram o mar Egeu, desde a Ásia Menor, e desembarcaram em Filipos (At 16.11-40). A igreja dessa cidade era constituída, principalmente, por gentios crentes (não-judeus). Como não estavam familiarizados com o AT, Paulo não faz nessa carta citações especificas extraídas desses textos.

Cultura: Filipos era uma cidade cosmopolita, e a composição da igreja refletia sua grande diversidade, com pessoas de vários níveis, de várias origens, formação e condições de vida. O cap. 16 de Atos nos dá uma indicação da diversificada composição dessa igreja. Ela incluía tanto Lídia, uma judia convertida da Ásia e uma mulher de negócios próspera (At 16.14), como uma menina escrava (At 16.16,17), provavelmente nascida na Grécia; além do carcereiro que servia nessa colônia do império, talvez de origem romana (At 16.25-36). Com tantos membros de diferentes origens e formações, deve ter sido muito difícil manter a união. Embora não existissem evidências de divisões na igreja, a unidade precisava ser resguardada (3.2; 4.2).

Propósito: Esta é uma carta pessoal aos filipenses, e não tinha o propósito de circular entre todas as demais igrejas, como a carta aos efésios. Paulo queria agradecer aos crentes por tê-lo ajudado quando precisou. Também desejava contar-lhes como podia estar tão cheio de alegria apesar de sua prisão e do julgamento iminente. Nessa carta, tão estimulante, Paulo aconselha os filipenses a serem humildes e unidos, e os adverte contra potenciais problemas futuros.

Esboço da Carta aos Filipenses:

  1. Alegria no sofrimento (1 – 30)
  2. Alegria no servir (1 – 30)
  3. Alegria em crer (1 – 4.1)
  4. Alegria em dar (2 – 23)
Curiosidades: Naquela época, as prisões não eram como as de nossos dias. Os presos eram responsáveis por seu próprio sustento dentro das prisões. Aqueles que não tivessem o apoio de familiares ou amigos estavam sujeitos a morrer de fome, ou por enfermidades, pois os cuidados médicos também não eram fornecidos.

Panorama: Paulo, e seus companheiros, fundaram a igreja de Filipos em sua segunda viagem missionária (At 16.11-40), e essa foi à primeira igreja a ser estabelecida no continente europeu. Os fiéis da igreja de filipense haviam enviado a Paulo uma oferta que deveria ser entregue (4.18) por Epafrodito (um de seus membros). Nessa ocasião, Paulo, após ter sido preso e mediante o seu apelo a Cesár (At 22-25), foi levado a Roma para aguardar julgamento. Seu estado como prisioneiro não foi pesado naquela ocasião, pois tinha o direito de morar numa casa alugada por ele e de receber as visitas dos amigos.
Certo dia, surgiu ali um mensageiro com sinais de ter feito uma longa viagem; era Epafrodito, membro da igreja em Filipos. Tinha trazido uma oferta para o apóstolo. Agradecendo aos filipenses a oferta, Paulo escreveu esta epístola (Fp 4.15-17).
Paulo, porém, tinha razões mais sérias para escrever esta carta. Parece que havia alguns defeitos na unidade da igreja. Não havia discórdia séria, porque a igreja como um todo estava numa condição de bom crescimento espiritual. Mesmo assim, a harmonia não era perfeita entre alguns dos membros. Parece ter havido alguma diferença de opinião quanto à questão de perfeição cristã (3.15), e os líderes na controvérsia eram duas obreiras cristãs, Evódia e Síntique (4.2). Não havia separação aberta, mas um leve esfriamento estava entrando na atmosfera da igreja.
Paulo não denuncia isso, sequer repreende, mas procura derreter aqueles primeiros flocos dde gelo que estavam surgindo no meio da atmosfera amorosa da igreja em Filipos. Consegue isso por meio de um compassivo apelo ao exemplo de Cristo.
A igreja filipense era, de muitas maneiras, uma congregação modelo. Era constituída por diferentes tipos de pessoas que estavam aprendendo a trabalhar em conjunto. Mas, Paulo, reconhecia que poderiam surgir problemas. Por essa razão, em sua carta de agradecimento, ele prepara os filipenses para as dificuldades que poderiam surgir dentro de um grupo de crentes.
 Embora estivesse como um prisioneiro em Roma, Paulo havia aprendido o verdadeiro segredo da alegria e da paz — imitar a Cristo e servir aos semelhantes. Enfocando nosso pensamento em Cristo, aprenderemos a ter unidade, humildade, alegria e paz. Também nós sentiremos mais motivados a viver para Ele. Podemos viver para Ele sem receio, pois temos conosco “a graça do Senhor Jesus Cristo”.
Sabe-se que, a epístola aos Filipenses é a carta que mais representa a alegria de Paulo. A igreja estabelecida naquela cidade da Macedônia havia sido um grande estímulo a Paulo. Os crentes filipenses haviam experimentado um relacionamento especial com ele. Portanto, Paulo enviou-lhes uma expressão pessoal de seu amor e afeto.



·       Haviam lhe proporcionado uma imensa alegria (1).
·       Filipenses é um livro sobre a alegria, porque enfatiza a verdadeira alegria da vida cristã. O conceito de regozijar-se ou de alegrar-se aparece 16 vezes em quatro capítulos. Suas páginas irradiam essa mensagem positiva e culminam com a seguinte exortação: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos” (4).
  • Durante sua vida, dedicada a obra de Cristo, Paulo havia enfrentado a extrema pobreza, a abundante riqueza e tudo o mais que pode acontecer entre uma e outra. Chegou até mesmo a escrever esta carta tão cheia de alegria estando em um cárcere. A despeito da situação momentânea, Paulo havia aprendido a viver contente (11,12), a encontrar a verdadeira alegria ao concentrar toda a sua atenção e energia no conhecimento de Cristo (3.8) e a obedecer-lhe (3.12,13).

Seu desejo de, acima de tudo, conhecer a Cristo está maravilhosamente expresso nas seguintes palavras:
 E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé: para conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte” (3.8-10).

Desta maneira, embora Paulo estivesse escrevendo da prisão, a alegria é o tema predominante nesta carta. O segredo de sua alegria está baseado no relacionamento com Cristo. 
Atualmente, as pessoas desejam desesperadamente serem felizes, mas debatem-se entre os sucessos, os fracassos e os obstáculos de cada dia.
Porém, nós, como cristãos, devemos ser alegres em todas as circunstâncias, mesmo quando as coisas estão ruins, mesmo quando sentimos vontade de nos queixar, mesmo quando estamos tristes. Cristo continua reinando, e nós ainda o reconhecemos. Portanto, podemos nos regozijar em todas as ocasiões.
 É bom ressaltar, como havíamos citado anteriormente, que Paulo nos encoraja a nos resguardar contra qualquer forma de egoísmo, preconceito ou ciúme, os quais podem nos levar a dissensão. Desta forma, mostrar um interesse genuíno pelos outros será sempre um passo positivo para manter a unidade entre os crentes.
 Sabe-se, também, que Timóteo estava com Paulo, em Roma, quando o apóstolo escreveu esta carta. Ele havia o acompanhado em sua segunda viagem missionária, quando a igreja de Filipos foi fundada.
 Como fora dito, Epafrodito entregou a Paulo a oferta que lhe havia sido enviada pelos filipenses. Em seguida, retornou levando a carta de agradecimento de Paulo. Epafrodito pode ter sido um ancião de Filipos (2.25-30; 4.18) que adoeceu enquanto estava com Paulo (2.27-30) e voltou à sua casa, assim que se recuperou. Seu nome só é mencionado nesta carta.
 Paulo, a se referir aos judaizantes, chamava a alguns de “cães” (era, às vezes, um termo judeu para gentios e, também, aplicada aos judeus pecadores – cf. Mt 15.22-27; Mc 7.26-28; Is 56.10-11) e “maus obreiros”. Muitos judaizantes estavam motivados apenas pelo orgulho espiritual. Por terem investido tanto tempo e esforço para conservar suas leis, não podiam aceitar o fato de que todos esses esforços não os levariam a um passo mais próximo da salvação. Estes eram judeus cristãos que acreditavam, erroneamente, ser essencial, aos gentios, a obediência a todas as leis judaicas do AT, especialmente a submissão ao rito da circuncisão, a fim de receberem a salvação.  Paulo os criticavam por interpretarem o cristianismo de modo errôneo; estes acreditavam que o que os tornava crentes era a obediência a todas as leis judaicas do AT, e não a dádiva da graça recebida gratuitamente de Cristo. Aquilo que os crentes fazem é resultado de sua fé, não um pré-requisito para a fé. Isso havia sido confirmado pelos primeiros líderes da Igreja no Concilio de Jerusalém, onze anos antes (At 15).
Paulo não criticava só os judaizantes, mas, também, os cristãos comodistas ou autoindulgentes – aquelas pessoas que afirmavam ser cristãs, mas não viviam de acordo com o modelo de serviço e sacrifício de Cristo. Tais pessoas satisfazem a seus próprios desejos antes de pensar nas necessidades alheias. A liberdade em Cristo não significa liberdade para ser egoísta. Significa aproveitar todas as oportunidades para servir e se tornar a melhor pessoa possível.

Judaizantes atuais: Poderíamos apontar como sendo aqueles que dizem que as pessoas devem acrescentar algo mais a uma simples fé. Porém, nos é sabido que isso não procede, pois ninguém deve acrescentar nada a oferta da salvação, feita por Cristo, pela graça e por meio da fé. Nenhuma medida de obediência à lei, aperfeiçoamento próprio, disciplina ou esforço religioso poderá nos tornar agradáveis a Deus. A justiça vem somente dEle. Tornamo-nos justos (adquirimos uma correta posição perante Ele) pela confiança em Cristo.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Perguntas e Respostas sobre Discipulado

1. Qual o objetivo principal da vinda de Jesus e em que se concentrou sua vida?    O objetivo principal da vinda de Jesus a terra foi salvar uma raça pecadora e levantar um povo que pudesse louvá-lo para sempre. Desta forma, Ele veio como servo sofredor, ao qual se doou, cuidando dos doentes, curando os abatidos e, acima de tudo,   pregou o evangelho e fez discípulos. Desta maneira, é notório afirmar que Cristo concentrou sua atenção principalmente em: Fazer discípulos. Ou seja, pessoas que aprendessem dEle e com Ele, e então, seguissem seus passos. Em Mateus 28.18-20, depois de sua morte e antes de sua ascensão, Ele nos disse: “...Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a obedecer a todas as coisas que Eu vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” A comissão de Cristo é u

Ministério Infantil: Perguntas e Respostas

1. O que ensina as passagens seguintes sobre a educação dos filhos. Ex.12.26,27 Dt. 4.9,10; 6.4-7; 1.18,19.   A Bíblia nos deixa bem claro que nós, como pais, devemos ensinar a nossos filhos sobre a Palavra de Deus. Em Êxodo percebemos este exemplo dos pais transmitindo a seus filhos as experiências vividas por Deus e seus santos ensinamentos. Assim como também se confirma em Deuteronômio, ao qual Moisés, no texto Bíblico, desejava que o povo de Deus não se esquecesse de tudo o que viveram e o que viram Deus fazer; advertiu, assim, aos pais que contassem aos filhos os grandes milagres divinos. Provando, mais uma vez, a importância do ensinamento. Assim, como pais, devemos viver a palavra de Deus e as ensiná-las. A chave para que nossos filhos aprendam a amar a Deus é que eles possam ver o nosso amor, dedicação e confiança ao Senhor, não apenas em vão palavras, mas sim em atitudes do dia a dia. 2. A importância que Jesus deu a criança em Mateus 18.1-14 . Jesus u

Características necessárias para quem é "discipulador" e para quem tem "discipulidade"

Apresente as características necessárias para quem é "discipulador" e para quem tem "discipulidade" e as consequências de um discipulado no modelo bíblico Moisés-Josué. Para entendermos melhor essa relação entre discipulador e discípulo, havendo, assim, a discipulidade, vamos pautar alguns conceitos isoladamente, e assim, em fim, chegar a uma resposta plausível sobre o questionamento feito. Discipulado Um dos significados que atribuímos a esta palavra é: conjunto de disciplinas de um mestre. Desta forma, para que isso ocorre, necessita de: 1.       Relacionamento (não há discípulo se não houver relacionamento mútuo. Ou seja,   muitos querem fazer discipulado, mas poucos querem se envolver, assim o relacionamento fica corrompido - Cl 3:12-16 ); 2.       Intimidade (assim como o discipulado de Jesus - fazer morada – assim deve ser o nosso. Em outras palavras, gerar intimidade. Seguindo o exemplo do Mestre, que durante três anos andou c