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Evangelho de Lucas 
 




Autoria
 
O Autor do terceiro evangelho é Lucas. Conforme seu nome indica, ele era um gentio (com muito menor probabilidade, pode ter sido um judeu helenista). Ele é também o autor do livro de Atos.
Lucas foi um importante companheiro do Apóstolo Paulo (At 20.7,13;21.5;27.2); por quem também foi cognominado: “o médico amado” (Cl 4.14) e “cooperador” (Fl 24).
Além de ser médico por profissão, nota-se que era homem culto, devido ao primoroso trabalho que realizou ao escrever seus dois livros que compõem o NT. Conforme é indicado nos prefácios de seus livros, Lucas executou um cuidadoso trabalho de pesquisa, e finalmente o apresentou em um refinado estilo literário.
 
Algumas evidências da autoria de Lucas:

Ø  A conexão existente entre o Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos aponta para uma única autoria. Ambos são dirigidos à mesma pessoa – Teófilo, e Atos também menciona claramente a precedência de um livro, com as características próprias de um dos Evangelhos (1.1-4). Além disso, a semelhança de estilos entre as duas obras não deixa dúvida de que o livro de Atos e o terceiro Evangelho têm um único autor.

Ø  Com forte presença nas Epístolas Paulinas, Lucas é o único companheiro de Paulo omitido nominalmente em Atos; porém, é ele quem mais apropriadamente se insere no uso da 1a pessoa do plural, que em algumas ocasiões é usado em Atos (At 16.10,16). 

Ø  O autor deste Evangelho é um perito no grego, o que certamente qualifica o bem-educado companheiro grego de Paulo.

Ø  Há também vestígios de que o autor é um médico, isto é, terminologias e atenções próprias de um médico (4.35, 38; 5.12; 8.44; 13.11).

Ø  A tradição da Igreja Antiga (Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Eusébio, Prólogos Anti-marcionitas e Cânon Muratoriano) sustenta a autoria de Lucas.
 
Lucas, é o único autor gentio do Novo Testamento. Com suas duas obras, ele é responsável por aproximadamente ¼ do conteúdo do NT. Mais da metade do conteúdo do Evangelho de Lucas é material exclusivamente seu, em relação aos outros Evangelhos.
 
Data
 
De acordo com o prefácio de Atos dos Apóstolos, o Evangelho de Lucas foi escrito primeiro; porém, a composição de Atos deve ter sucedido imediatamente à do Evangelho. São principalmente duas as datas aproximadas sugeridas para a composição deste Evangelho: 

Ø  A primeira possibilidade é que o Evangelho tenha sido escrito entre os anos 58 e 60 d.C., quando Lucas acompanhava o apóstolo Paulo em seu aprisionamento em Cesareia. 

Ø  Conforme a segunda possibilidade, o Evangelho teria sido escrito entre os anos 62 e 63, quando Lucas acompanhou Paulo em sua primeira prisão em Roma. O ministério de Paulo ocupa a maior parte do livro de Atos, Lucas certamente não teria deixado de mencionar o martírio de Paulo, acontecido entre 65 e 67 d.C., se este tivesse ocorrido antes da conclusão do livro de Atos. 

Portanto, seja qual for a data, é importante notar que o Evangelho de Lucas também começou a circular entre as igrejas em um tempo bem remoto. Certamente a data de composição antecede a queda de Jerusalém no ano 70, prevista por Jesus (21.20-24).
Pois não há qualquer menção do acontecimento, como já realizado. Somente são compelidos a datar os Sinóticos depois do ano 70 d.C. aqueles que não admitindo a possibilidade da profecia preditiva, consideram este registro como tendo sido feito depois do acontecido (a queda de Jerusalém), mas registrado como se fosse profecia.
Tal hipótese é contrária ao caráter, natureza e propósito das Sagradas Escrituras, nas
quais a profecia preditiva é um elemento não raro.
            
Propósito
            
Lucas escreveu ao mundo grego: 

Ø  Ele mesmo era grego.
Ø  Lucas dedicou seu livro a uma autoridade civil grega (1.3).
Ø  Ele empenhou-se em demonstrar a isenção de culpa do cristianismo perante o Império Romano (Lc 23.13-15 e At 26.30-32).
Ø  O caráter universal de sua mensagem (2.28-32;3.4-6;4.25-28) confirma sua intenção de comunicar-se com a cultura grega.
Ø  Sua metodologia de pesquisa (1.1-4) e seu estilo literário eram especialmente interessantes ao leitor de cultura grega.
Ø  Sua genealogia remonta a Adão, dando maior ênfase à universalidade do Evangelho, do que Mateus, que retrocede a genealogia de Jesus Cristo somente até Abraão.
 
O propósito do Evangelho de Lucas é anunciar a Jesus Cristo como o Salvador do mundo, Salvador não somente para o povo judeu, mas para todos os povos da terra (1.4;211,29-32;4.16-21;19.10). Tal propósito reflete o fato de haver sido companheiro e ajudador do Apóstolo Paulo, que a si mesmo se considerava “apóstolo dos gentios”.


  Características especiais
 

Este é o Evangelho que mais salienta, o que hoje é chamado: a dimensão social do cristianismo. Jesus é também especialmente retratado como o Salvador da humanidade sofrida:

Ø  Na atenção de Jesus aos degradados moralmente: como a adúltera (7.36-50), a parábola do filho pródigo (15.11-32), a parábola do fariseu e do publicano (18.9-14), no encontro com Zaqueu (19.1-10), e com o criminoso arrependido (23.39-43).

Ø  Na postura de Jesus para com os Samaritanos (9.51-56; 10.29-37; 17.11-19).

Ø  No cuidado para com os pobres (6.20;7.22;14.12-24).

Ø  No trato para com as mulheres: Algumas lhe deram apoio ministerial (8.1-3); outras desfrutaram de sua amizade (10.38-42), e também foram testemunhas de sua ressurreição (23.55-24.10).
 
O Evangelho de Lucas dá uma ênfase especial ao ministério do Espírito Santo durante o ministério terreno de Jesus (1.15,35. 3.22,4.1-18....). Em Atos, Lucas não abandona esta ênfase, embora o descreva na relação com o ministério apostólico e, também, à vida da Igreja.
 
O prólogo do Evangelho de Lucas revela o interesse do mundo de sua época, especialmente as pessoas mais influenciadas pela cultura grega, pela exatidão histórica. Por isso, Lucas apresenta um relato da vida de Jesus Cristo com precisão histórica e cronológica.
 
Lucas dá grande ênfase à historicidade do Evangelho (1.1-4,5; 2.1-2; 3.1-2), relacionando Jesus e sua obra, não somente aos judeus, mas também ao contexto histórico e geográfico do Império Romano (1.5).
 
Outra importante observação é que, como quem escreve a uma mentalidade grega, e por isso apresenta a rigorosa metodologia de pesquisa que fez (é claro, dentro dos padrões de sua época e contexto), e tenha suprido sua apresentação de Jesus Cristo com datas de acontecimentos, tanto no contexto judaico quanto no romano, Lucas não ignora o valor da História da Redenção registrada no Antigo Testamento, que é mais proeminente em Mateus. Lucas também se refere a Jesus como o cumprimento do AT (24.26-27).
 
Sem ignorar a divindade de Jesus Cristo (1.35), Lucas enfatiza a sua humanidade, apresentando-o como verdadeiro homem, o único perfeito homem, não afetado pela Queda. No Evangelho de Lucas, Jesus é referido 24 vezes como o “Filho do Homem” – um título baseado no livro de Daniel (7.13) que além de enfatizar a humanidade de Jesus Cristo e indicar sua origem celestial (natureza divina), também o identifica com o glorioso Messias das Escrituras do AT.


Esboço
 
O Salvador do Mundo

Sua Apresentação 1-3
1
Anúncio
2
Nascimento/Infância
3
O Testemunho de João Batista
Sua Autoridade e Ensino 4-21
4
Início do ministério/sinais
5-6
Vocação, sinais, ensinos
7
Sinais – messias
8
Parábolas – sinais
9-10
Orientações sobre o discipulado
11
Ensinos sobre a oração
12
Características do servo fiel
13-15
Sinais, parábolas, ensinos s/ o Reino
15-18
Parábolas: O Salvador dos perdidos
19-21
O Salvador do Israel reprovado

Sua Rejeição
 22-23
 

  Paixão e Morte
Sua
Exaltação
24

  Ressurreição e Ascenção



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